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Quarta-feira, 3/2/2016
E Foram Felizes Para Sempre
Marilia Mota Silva
+ de 3600 Acessos

Casaram-se e foram felizes para sempre! Assim terminavam os contos-de-fadas e os romances para moças, até há pouco tempo.

Mentira, os mais velhos sabiam, mas era uma mentira necessária para a manutenção da família, da estrutura social, econômica e cultural baseada na exploração e subordinação da mulher .

Marx e Engels reconheciam que o trabalho da mulher na produção da mão-de-obra (através da reprodução) e na sua manutenção (sendo esposa e mãe), estava na base de toda a atividade econômica. E não era remunerado. Reconheciam, mas deixaram de lado o assunto, a mais fundamental luta de classes. Afinal eram homens, e o patriarcalismo lhes atendia bem.

De forma que as jovens recebiam doses reforçadas de ilusão romântica e, se não bastasse, a ameaça de desvalorização pessoal, marginalização social e penúria financeira caso ficassem solteiras, o que as levava a buscar o casamento a qualquer custo.

Um sistema social e a cultura que lhe dá sustentação mudam lentamente. Ainda hoje muita gente sonha encontrar sua alma gêmea, a companhia perfeita, eficiente, bondosa, capaz de tolerar todos os seus defeitos e, mais importante ainda, que se manterá sexualmente desejante e atraente ao longo dos anos, por toda a vida.

Parece que, de fato, há bons casamentos, casais que continuam se amando depois de décadas de convivência. São raridade.

O segredo é ter baixas expectativas, avisam os que entendem do assunto. Mas baixas até que ponto? Até se sentir imune à rotina, à solidão, ao tédio, ao celibato indesejado?

Resta o impasse: monogamia, lealdade, amor, amizade...ou a vida vivida em toda a sua verdade e intensidade? Fidelidade a si mesmo ou frustração? Paixão, alegria ou estoicismo? Não há caminho fácil.

O divórcio traz perdas graves, família quebrada, amigos que se afastam, a memória de nós mesmos, dos sonhos vividos a dois, de uma história construida com amor e confiança.

E os filhos, a parte mais importante da equação, sofrem também as consequências dessa instabilidade. Sofrem mais ainda quando, por qualquer motivo, até pela narrativa romântica, os pais vivem juntos, mas frustrados, ressentidos. Não haveria um sistema que se adequasse mais à realidade do que somos? Que permitisse uma vida plena, afetuosa, genuína, sem hipocrisia? Sociólogos, cientistas políticos, antropólogos, psicólogos se debruçam sobre o assunto.

Nessa busca de inspiração e modelos, uma pequena etnia chinesa tornou-se um ponto de atração e pesquisa para estudiosos e turistas do mundo inteiro.

Os Mosuo, que vivem junto ao lago Lugu entre as províncias de Yunnan e Sichuan, perto da fronteira com o Tibet, tem uma vida familiar harmoniosa, e não tem casamento como os nossos. Em sua tradição, marido e esposa não vivem juntos criando os filhos. O homem apenas visita a mulher em seu quarto, para efeitos de gratificação sexual e procriação. Ele chega depois de escurecer e volta para casa de manhãzinha. É o tiesese, mal traduzindo, casamento de visitas.

Quando uma mulher ou homem manifestam interesse um no outro, cabe à mulher permitir ao homem que a visite. Mulheres e homens podem ter quantos parceiros sexuais desejarem, simultaneamente e ao longo da vida. Não é mais realista, com mais chances de harmonia?

Os filhos desse relacionamento são criados pela mãe, tios, tias e avós do lado materno. Ou seja, os tios criam os sobrinhos. O pai pode manifestar interesse na criação de seu filho trazendo presentes para a familia da mãe. Isso lhe garante algum status na familia, mas não o direito de fazer parte dela.

Homens e mulheres vivem toda a vida nas casas em que nasceram e são responsáveis pelas respectivas famílias, que se compõe de várias gerações: bisavós, avós, pais, filhos, netos, tias, tios, sobrinhos.

A harmonia em familia é o valor supremo, acima inclusive das relações conjugais. Essa é uma sociedade matrilineal; as crianças recebem o sobrenome das mães e preferem-se filhas a filhos.

Chuan-Kang Shihh, estudioso dos Mosuo e professor de Antropologia na Universidade da Florida, diz que o sistema se fundamenta na crença de que as mulheres são mais capazes que os homens, mental e mesmo fisicamente. Eles também acreditam que tudo de valor que há no mundo veio de uma mulher. Todos os deuses homens são secundários em relação à Deusa.

"O sistema faz todo o sentido quando se pensa como as famílias tem que conjugar estabilidade doméstica, desejo sexual e os interesses dos filhos", diz Judith Stacey, professora de sociologia na NY University, que escreveu um livro sobre os Mosuo.

Faz sentido, mas pressupõe o matriarcado, em aspectos básicos, e estamos longe disso. Mesmo assim não custa examinar tradições que nos parecem exóticas, já que as nossas próprias agonizam.


Marilia Mota Silva
Washington, 3/2/2016

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