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Terça-feira, 29/3/2016
A futebolização da política
Luís Fernando Amâncio
+ de 3600 Acessos

Que há muito de política no futebol não é mistério algum. Pelo contrário: a política impregna o esporte de cima a baixo, desde as federações que o regem até as diretorias de times amadores.

Historicamente, aliás, o futebol sempre foi um tema que esbarrou na política. Ele já foi utilizado como vitrine para regimes autoritários divulgarem seus ideais de progresso – na Itália fascista, em 1934, no Brasil, na década de 1970, e na Argentina, na Copa de 1978, entre outros. O futebol também representou formas de resistência a esses regimes, como no esforço de Catalunha e País Basco, através de, respectivamente, Barcelona e Atlethic Bilbao, em confrontar o ditador Franco na Espanha. No Brasil, o movimento por eleições diretas na década de 1980 (Diretas Já) teve apoio de boleiros e foi reforçado pela experiência da Democracia Corintiana.

O que nós temos acompanhado nos últimos tempos, entretanto, não é tão natural: a futebolização da nossa política. E mesmo que não seja exclusividade nacional, a situação passa longe de ser desejável.

Nossos eleitores comportam-se como torcedores. Aliás, como o pior tipo de torcedor: o cego pela paixão. Na atual polarização política, há um lado que não reconhece que seu time tem jogado mal. Por isso, justifica suas derrotas mostrando que os rivais também têm suas deficiências e colocando a culpa no juiz. Já seus opositores querem ganhar de qualquer forma. Não se importam se o gol for feito com ilegalidade (impedimento, mão na bola e ligação telefônica grampeada ilegalmente dão no mesmo). Os fins não importam, só querem ganhar o campeonato. Nem que seja no tapetão.

A divisão por cores nunca foi tão forte na política nacional. Vermelho é dos petralhas, verde e amarelo, dos coxinhas. Preto também é coxinha, só que de luto. “Petralhas” e “coxinhas”, sim, pois tamanha é a maturidade de nosso eleitorado que é assim, pejorativamente, que se prefere lidar com o oposto. Como no futebol, onde temos as galinhas ou gambás (corintianos), os porcos (palmeirenses), as marias (cruzeirenses), os bambis (são-paulinos), etc.

Apelidos jocosos, é verdade, não são exclusivos deste momento de nossa história. No império, tivemos a oposição entre saquaremas (conservadores) e luzias (liberais). Só que, atualmente, os ânimos estão muito acirrados. Usar a cor de um no dia das manifestações adversárias tem sido perigoso. Há vários casos de agressões recentes, sobretudo vindos de “pessoas de bem”, nessas circunstâncias. Ou seja, nossa política está incorporando os hábitos mais boçais das torcidas organizadas. Os militantes de partido viraram hooligans.

Nas redes sociais, a agressividade não é menor. As discussões são freqüentes e, sobretudo, improdutivas. Ninguém quer ouvir o outro lado, só se quer agredir. Como combate, o diálogo emburrece. Não há argumentos e sobra compartilhamento de mentiras. Aparentemente, nosso eleitorado não é questionador: se está na internet, se foi compartilhado na WhatsApp, é porque é verdade.

Antigamente, diziam que o Brasil seria um país melhor quando se discutisse política como se discute futebol. Que mentira. O futebol não é um terreno da razão. Por mais que se discutam esquemas táticos e estatísticas, quando um brutamontes está em prantos porque seu time foi rebaixado, não há razão ali. Não há explicação racional que dê sentido à jornada do torcedor que pega ônibus para ver um jogo às 22h00 de uma quarta-feira, paga caro pelo ingresso, corre risco de ser agredido pela torcida adversária e, por fim, poderá adentrar a madrugada do dia seguinte, dia de labuta, com o time derrotado. Inexiste justificativa racional em hostilizar a pobre coitada da mãe árbitro.

Na política as escolhas precisam ser racionais. E bem construídas – tem muita gente querendo te enganar, sobretudo aqueles que deveriam dar informações. Deixemos o coração de lado. O amor incondicional deve ser exclusivo das mães e dos torcedores fanáticos. Um político sempre poderá te trair com uma conta secreta na Suíça.


Luís Fernando Amâncio
Belo Horizonte, 29/3/2016

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