O voo de galinha do Brasil | Rodrigo Constantino

busca | avançada
55773 visitas/dia
2,0 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Terminal Sapopemba é palco para o evento A Quebrada É Boa realizado pelo Monarckas
>>> Núcleo de Artes Cênicas (NAC) divulga temporada de estreia do espetáculo Ilhas Tropicais
>>> Sesc Belenzinho encerra a mostra Verso Livre com Bruna Lucchesi no show Berros e Poesia
>>> Estônia: programa de visto de startup facilita expansão de negócios na Europa
>>> Água de Vintém no Sesc 24 de Maio
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
>>> O robô da Figure e da OpenAI
Últimos Posts
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
>>> Ser ou parecer
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O Presépio e o Artesanato Figureiro de Taubaté
>>> A lei da palmada: entre tapas e beijos
>>> A lei da palmada: entre tapas e beijos
>>> A importância do nome das coisas
>>> Latrina real - Cidade de Deus
>>> Notas de Protesto
>>> Um imenso Big Brother
>>> O enigma de Lindonéia
>>> Breve reflexão cultural sobre gaúchos e lagostas
>>> Orson Welles
Mais Recentes
>>> O Livro da Psicologia de Clara M. Hermeto e Ana Luisa Martins pela Globo (2012)
>>> Mulheres Públicas de Michelle Perrot pela Unesp (1998)
>>> Alma de Luz - Obras de Arte para a Alma de Joma Sipe pela Pensamento (2014)
>>> Além do Divã - Um Psicanalista Conversa Sobre o Cotidiano de Antonio Luiz Serpa Pessanha pela Casa do Psicólogo (2004)
>>> Brasil: Uma Biografia de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling pela Companhia das Letras (2015)
>>> Lavoura Arcaica de Raduan Nassar pela Companhia das Letras (1997)
>>> O Diário de Anne Frank (Capa Dura) de Anne Frank pela Record (2015)
>>> Mapas Estratégicos de Robert S. Kaplan e David P. Norton pela Campus / Elsevier (2004)
>>> Perdoar Amar Agradecer de Carmen Mendes pela Luz da Serra (2022)
>>> O Anjo Pornográfico - A Vida de Nelson Rodrigues de Ruy Castro pela Companhia das Letras (2013)
>>> Livro Pena de morte - Coleção Lazuli de Maurice Blanchot pela Imago (1991)
>>> Livro A Colônia das Habilidades de Liriane S. A. Camargo pela Rima (2015)
>>> Memórias de Vida, Memórias de Guerra de Fernando Frochtengarten pela Perspectiva (2005)
>>> Os Segredos da Maçonaria de Robert Lomas pela Madras (2015)
>>> Livro Como Elaborar Projetos De Pesquisa de António Carlos Gil pela Atlas (1993)
>>> Incríveis Passatempos Matemáticos de Ian Stewart pela Zahar (2010)
>>> AS 100 Melhores Histórias Eróticas da Literatura Universal de Flávio Moreira da Costa pela Ediouro (2003)
>>> Livro A Cura de Cristo - Como Recebê-la de T. L. Osborn pela Graça Artes (1999)
>>> Iyengar Yoga Posturas Principais de B. K. S. Iyengar pela Cores e Letras (2006)
>>> Império - Como os Britânicos Fizeram o Mundo Moderno de Niall Ferguson pela Planeta (2010)
>>> Livro A Verdade - Volume 2 de Masaharu Taniguchi pela Seicho-no-ie (2000)
>>> Os Sete Pecados da Memória - Como a Mente Esquece e Lembra de Daniel L. Schacter pela Rocco (2003)
>>> O Ceu Esta Em Todo Lugar de Jandy Nelson pela Novo Conceito (2011)
>>> Vanusa Ninguém é Mulher Impunemente de João Henrique Schiller pela Madaas
>>> Jesus Dentro do Judaísmo de James H. CharlesWorth pela Imago (1992)
ENSAIOS

Segunda-feira, 19/4/2010
O voo de galinha do Brasil
Rodrigo Constantino
+ de 6300 Acessos
+ 6 Comentário(s)


LIANA TIMM© (http://timm.art.br)

A economia brasileira recuou 0,2% em 2009, o pior resultado desde 1992. O investimento caiu quase 10% no ano, enquanto o consumo, tanto das famílias como do governo, puxou o resultado para cima, com aumento de quase 4%. A transferência de recursos do governo e o crédito público fizeram com que a queda na atividade econômica não fosse um tsunami. Em termos relativos ao resto do mundo, até que o Brasil não ficou mal na foto, e o índice de ações da Bovespa mostra que os investidores voltaram a apostar no crescimento do país. O problema é que tais estímulos artificiais não são sustentáveis; a inflação já começa a incomodar, com o mercado esperando mais de 5% no ano, o que gera a necessidade de aumento dos juros. Além disso, os gargalos de sempre permanecem, fazendo com que nossa economia experimente apenas voos de galinha.

Alguns dados produzem extremo desconforto nos investidores de longo prazo. A dívida pública já chega a R$ 1,5 trilhão, e a dívida bruta cresce em ritmo acelerado. O governo apresenta déficit nominal crescente, parte explicada pelas medidas durante a crise. O crédito público já representa quase a metade do total de crédito no país; ele saiu de 12% do PIB em meados de 2008 para quase 20% no final de 2009. O grau de alavancagem dos bancos estatais experimentou um crescimento assustador, ainda mais se comparado ao ocorrido nos bancos privados, que reduziram seu risco. O crédito imobiliário foi o que mais cresceu, com aumento de 40% em 2009. A base ainda é pequena, mas o crescimento na margem, principalmente por meio do programa "Minha Casa, Minha Vida", eleva o risco do sistema de crédito como um todo.

O prazo médio do empréstimo para pessoa física cresce sem parar, tendo saído de pouco mais de 300 dias corridos no começo de 2006 para mais de 500 dias corridos atualmente. Os desembolsos do BNDES dispararam, saltando de cerca de R$ 50 bilhões em 2006 para quase R$ 140 bilhões ano passado. Algo como 85% desses desembolsos vai para grandes empresas. A despesa com pessoal da União subiu R$ 25 bilhões em apenas dois anos. As transferências por meio do programa Bolsa-Família aumentam a cada ano. Tais medidas não são anticíclicas como alega o governo, pois não serão desfeitas com a recuperação já em curso da economia. Elas estimulam o crescimento no curto prazo, mas sob pilares de areia, uma vez que a poupança e os investimentos em capital produtivo não crescem praticamente nada. Com uma poupança de pouco mais que 15% do PIB, o país não consegue plantar as sementes de um crescimento mais sustentável.

Para agravar as perspectivas de longo prazo, o rombo previdenciário superior a R$ 40 bilhões por ano parece uma bomba-relógio, apesar de demografia favorável no país. A carga tributária já está em patamares escandinavos, apesar dos serviços "africanos". A concentração da arrecadação tributária em Brasília aumenta a cada ano, matando na prática o federalismo. Isso serve para reduzir a eficiência na alocação dos recursos escassos, uma vez que as decisões acabam sendo políticas, e a corrupção drena boa parte das verbas. Os investimentos necessários não são realizados, e os gargalos, como infraestrutura, energia e qualificação da mão-de-obra, impedem um voo de águia em nossa economia.

Uma sociedade de cigarras, sem tantas formigas, acaba sempre se dando mal quando a conta chega. A Grécia pode atestar isso de forma lamentável. A realidade não pode ser ignorada por muito tempo. Crescer somente com base no crédito estatal e no consumo, sem a contrapartida de mais poupança e investimento, não é um modelo de desenvolvimento sustentável. Sem reformas estruturais, e sem uma drástica redução do governo na economia, o país estará sempre vulnerável aos choques externos e aos limites internos. Não podemos nos deixar enganar pela aparente tranquilidade, achando que a "marolinha" passou. O crescimento atual conta com muitos fatores artificiais e cíclicos, ou seja, insustentáveis. Precisamos de mais formigas e menos cigarras.

O Ibovespa surfa a boa onda do momento brasileiro, principalmente diante de um mundo em frangalhos. Mas até quando este cenário pode durar ninguém sabe. O risco de um superaquecimento chinês ainda existe, assim como a delicada questão europeia. Nos Estados Unidos, tudo indica que a recuperação econômica será bastante lenta, justificando a manutenção da taxa de juros em quase zero. Mas no dia em que esta moleza acabar, seria crucial que o Brasil estivesse preparado para crescer sem depender dos estímulos artificiais do governo.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no jornal Valor Econômico, em 30 de março de 2010.


Rodrigo Constantino
Rio de Janeiro, 19/4/2010
Quem leu este, também leu esse(s):
01. Obras-primas recusadas de Affonso Romano de Sant'Anna
02. No Museu da Língua falta o livro de Affonso Romano de Sant'Anna
03. Jornalismo Cultural: reflexões de Israel do Vale
04. Livro pra quem precisa de Ivana Jinkings


Mais Rodrigo Constantino
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
21/4/2010
09h24min
Parabéns ao articulista por este artigo, e ao Digestivo pela oportunidade que nos dá de lê-lo! Muito raros, nestas águas turvas, atuais, articulistas como Rodrigo Constantino, dispostos a ignorar a patrulha ideológica e trazer à luz uma verdade inquestionável sobre a nossa economia e o tratamento (ainda errado) que se lhe dá com consequências no nosso futuro, transferidas. Caso uma verdade, ao ser exposta, beneficie A ou B, cabe apenas responder que A ou B faz parte, então, daqueles núcleos sadios que restam na sociedade e a verdade, pura e simples, é quem ganha e recebe os aplausos. Abraços a todos! Queremos mais, queremos melhor! JP.
[Leia outros Comentários de José Pereira]
21/4/2010
10h19min
Rodrigo Constantino parece um porta-voz dos bancos falando. Será ele empregado de algum grande banqueiro ou está apenas puxando o saco mesmo? Se a resposta for a segunda opção, sinto lhe informar, Rodrigo, que você vai continuar desempregado. Os banqueiros brasileiros estão felizes com o governo, apesar de ainda lutarem para privatizar a previdência, os serviços públicos que restaram e piorar ainda mais as condições para que o trabalhador se aposente de forma justa. Previdência deficitária? Você precisa rever seus (ou você só os está repetindo?) conceitos, Rodrigo. Quanto às formigas, que eu saiba as cigarras são os mesmos que você defende, os ricos e famosos, os industriais, os banqueiros, os agiotas. Que tal estatizar todos os meios de produção e tornar pública toda a riqueza que os próprios trabalhadores, ou seja, as formigas, criam? E vale lembrar que, sem os estímulos do governo, os empresários e banqueiros incompetentes que faliram a economia mundial, e que você tanto defende, já estariam falidos há tempos.
[Leia outros Comentários de Luciano Pita]
21/4/2010
11h48min
Todas as preocupações com o número da economia fazem parte do círculo do capitalismo. Não tenho vocação pra contar nem vantagem nem valores econômicos, quero mais sentar a beira de um rio e ter uma dose água de coco, goela abaixo.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias Perei]
21/4/2010
13h16min
Este artigo é mais do mesmo. Sua "receita" para o verdadeiro desenvolvimento é a "redução do governo na economia", o que vimos durante todos os anos 90 e continuamos assistindo em vários setores, como o dos transportes (nada) públicos do Rio de Janeiro. Ainda não vi os economistas ortodoxos avaliando o sistema (?!) de transportes na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Neste setor, foi cumprido à risca o receituário anti-estatista: tudo é operado por empresas privadas... E é um caos! Que os economistas neoliberais parem de falar que o problema são os "estímulos artificiais" do governo (como se a economia de mercado fosse natural), ainda mais em um contexto de crise no qual os Estados são chamados a reaquecer a economia paralisada.
[Leia outros Comentários de Marcos Rangel]
21/4/2010
15h03min
Brilhante o texto do Constantino... nada como ler textos de quem conhece a fundo o que esta escrevendo. Há algumas frases memoráveis: "A carga tributária já está em patamares escandinavos, apesar dos serviços africanos"; "Precisamos de mais formigas e menos cigarras". As políticas atuais do nosso governo vão totalmente na contramão desses conceitos: os patamares da carga tributária estão cada vez mais "escandinavos", e os serviços cada vez mais "africanos"... e os programas sociais Bolsa disso, Bolsa daquilo, só criam "cigarras", nenhuma "formiga". Corremos lépidos em direção a um muro de pedras asperas e com arestas cortantes, intransponível. Ingênuos, aceleramos e colocamos a cabeça bem na frente... Será que o povo brasileiro aproveitará a oportunidade em outubro de mudar o curso? Se não, a dor-de-cabeça será monumental... Obrigado pela oportunidade de comentar.
[Leia outros Comentários de Claudio Spiguel]
21/4/2010
16h46min
Certo: não estamos (nunca estivemos) num paraíso. Quem está ou já esteve, pelo menos, no mundo perfeito que muitos comentaristas pintam quando falam do que não somos? O que chama a atenção, na verdade, é o seguinte: quantos outros lugares deste planeta contam, como nós, com uma imprensa (de papel ou virtual) que torça tanto e tão insistentemente contra o próprio país? Com jornalistas, comentaristas, analistas especialistas que têm tanta vergonha, tanto asco pelo lugar em que nasceram. Que sonham tanto em viver longe, em ser o que não são, enquanto exercem seu "poder crítico"?
[Leia outros Comentários de Paulo Cezar]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Pride And Prejudice
Jane Austen
Hub
(2011)



Fundamentos Neurobiológicos das Epilepsias - Aspectos Clínicos e Cirúrgicos - Volume 2
Vários autores
Lemos
(1998)



Planejamento Turístico Municipal Com Suporte Em Sistemas de Informação
Maria Angela Marques / Ambrizi Bissoli
Futura
(2001)



A Vida em perigo
Louise L. Hay
Best Seller



Antes de Adão
Jack London
L&pm Pocket
(2007)



Revista Lenas Patchwork Weihnachten - Em Alemão
Lenas Patchwork
Lenas Patchwork
(2011)



Regras Oficiais de Voleibol - 2002-2003
Sprint
Sprint
(2002)



Os animais têm alma?
Ernesto Bozzano
Lachãtre
(2007)



Evangelho Eterno e Orações Prodigiosas
Osvaldo Polidoro
Assahi
(2010)



A Rede de Alice
Kate Quinn
Verus
(2019)





busca | avançada
55773 visitas/dia
2,0 milhão/mês